SESSÃO 9 | 4 DE MARÇO | 9:00-10:45

Moderação de Susana Gómez Martinez (UÉ | CAM-CEAACP)

De Mesquita a Igreja de Santa Maria da Alcáçova de Elvas

9:00-9:30 | Fernando Branco Correia (UÉ - CIDEHUS)

Elvas – ou Yalbaš – surge nas fontes escritas em língua árabe já no século X, e al-Idrīsī, no século XII, classifica-a como madīna. A sua posição, a ocidente de Badajoz e do rio Guadiana, tornaram-na num ponto estratégico fundamental nos caminhos que de Córdova e Badajoz conduziam a Santarém e Évora – Lisboa. Após a sua integração no reino de Portugal, no século XIII, muitas construções de época anterior se mantiveram de pé. As características morfológicas da Igreja de Santa Maria da Alcáçova, bem como a presença de um elemento arquitectónico pouco usual num desenho de inícios do século XVI, levantaram a hipótese de que esta igreja tenha aproveitado uma mesquita de época andalusī. Algumas descrições da igreja, bem como a orientação e a espacialidade do edifício reforçam a hipótese de que tenham subsistido, até hoje, traços dessa antiga mesquita, que, se não for anterior, pode ser contemporânea das grandes obras de carácter militar que Elvas recebeu em época almóada. O que agora se apresenta coincide, em grande medida, com a investigação e tentativa de identificação levada a cabo na década de 90, a que se somam alguns poucos dados mais recentes.


Ejemplos de reversibilidad y no reversibilidad de los espacios sagrados cristianos en el sureste del temprano al-Andalus 

9:30-10:00 |  Daniel Montiel Valadez (U. Granada)

En esta comunicación expondremos ejemplos relevantes de conversiones de espacios sagrados cristianos (iglesias) en musulmanes en la zona sureste del temprano al-Andalus (VIII-IX). Asimismo, hablaremos sobre la no reversibilidad de esos mismos espacios para ofrecer una visión más completa sobre el fenómeno del que nos vamos a ocupar, aportando algún ejemplo importante. Es decir, frente a la mayor atención dada a la conversión de mezquitas en iglesias a partir del avance de la conquista cristiana de al-Andalus, nosotros hablaremos de los primeros ejemplos de reversibilidad (y no reversibilidad) de los espacios sagrados que se encontraron los musulmanes a su llegada al sureste peninsular.


Motivações e expressões de poder: a reversibilidade do sagrado nos casos de Palmela e de Alcácer

10:00-10:30 |  Isabel Cristina Fernandes (GEsOS - Município de Palmela | UÉ-CIDEHUS | IEM NOVA)

Se Palmela se inscrevia na influência de Lisboa, também é certo que a geografia privilegiada de Alcácer lhe concedeu primazia nas ambições de muçulmanos e cristãos, que em vários momentos e situações se relacionaram com a cidade do Tejo. Numa e noutra, as intervenções decorrentes da instalação de outros poderes foram motivadas por intencionalidades de cariz funcional, espiritual e propagandístico. O registo arqueológico, ainda que com lacunas, associado aos dados das fontes escritas, permite algumas reflexões e interpretações sobre a acomodação desses espaços pelos novos detentores, gizada pela dominante ideológica.


NOTAS BIOGRÁFICAS

Fernando Branco Correia. Licenciado em História (FLUL), mestre em História Medieval (FCSH-UNL), com formação em Língua Árabe em Portugal e no Institut Bourguiba (Tunísia) e doutorado com uma tese intitulada Fortificação, Guerra e Poderes no Garb al-Andalus – Dos Inícios da Islamização ao Domínio Norte-africano (UÉvora). É professor auxiliar no Departamento de História da UÉvora, onde tem leccionado História do Mundo Islâmico, História de al-Andalus, Techniques du Monde Arabe-islamique (Master Erasmus Mundus TPTI) e História Medieval 1. Lecciona, em outros departamentos, Língua Árabe 1 e 2, e Introdução à Arquitectura do Mundo Islâmico e Magrebe (coord. de J. Rocha). É autor de Elvas na Idade Média (ed. Colibri, 2014 – Prémio Pedro Cunha Serra) e co-autor de Do Estreito ao Ocidente do al-Andalus (Fund. El Legado Andalusí, 2010) e de Portugal uma Retrospectiva – 929 (com Santiago Macias, ed. Público / Tinta-da-china, 2019; 2022). Colaborou em traduções – como Contos do País dos Sufis (Assírio & Alvim) – e tem publicado artigos sobre Fez – Fès (Fondation Benjelloun Mezian – Ed. Almed, Granada, 2018) e cinema de expressão árabe (CEAUP – UPorto, 2017). Tornou-se, recentemente, num dos editores de Hamsa – Journal of  Judaic and Islamic Studies (Cidehus-UÉvora).

Daniel Montiel Valadez. Grado en Historia por la Universidad de Málaga; máster de docencia por la Universidad de Sevilla; máster en investigación histórica (EURAME) por la Universidad de Granada con un trabajo de fin de estudios centrado en la cristianización de Hispania en época tardoantigua (siglos IV-VIII): estudio de iglesias, monacato, villae, etc. Contrato predoctoral FPU del Ministerio de Universidades (Historia Medieval), Departamento de Historia Medieval de la Universidad de Granada, para el desarrollo de una tesis relacionada con el estudio de la Vega de Granada durante la tardoantigüedad y el altomedievo. Proyecto de investigación “El área periurbana de una ciudad islámica: la Vega de Granada (XIV-XVI)”, dirigido por la Catedrática de Historia Medieval Carmen Trillo San José. Intereses académicos: cristianización de la Hispania Tardoantigua; transición entre la Tardoantigüedad y la Alta Edad Media; mozarabismo; proyección de la historia en el Cine.

Isabel Cristina Ferreira Fernandes. Licenciada em História e mestre em Arte, Património e Restauro pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Assume a direcção científica do Gabinete de Estudos sobre a Ordem de Santiago (GEsOS) no Município de Palmela, onde desenvolve actividade de promoção e coordenação de iniciativas científicas ligadas às ordens militares e à castelologia. Tem coordenado e desenvolvido projectos de investigação arqueológica e estudos de índole histórica, arqueológica e artística centrados nos períodos romano, medieval islâmico e medieval cristão. Participa regularmente em congressos científicos nacionais e internacionais, como conferencista, sendo autora de diversos artigos de arqueologia, de história do período medieval, das ordens militares e de arquitectura militar. Integra dois grupos de investigação no âmbito da história das ordens militares, da Universidade Autónoma de Madrid e da Universidade de Castilla La Mancha. Faz parte do grupo de investigação CIGA (Cerâmica Islâmica do Garb al-Andalus). É investigadora colaboradora do CIDEHUS (Centro Interdisciplinar de História, Culturas e Sociedades da Universidade de Évora), do IEM (Instituto de Estudos Medievais – Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa) e do CEAACP (Centro de Estudos em Arqueologia, Artes e Ciências do Património, Universidade de Coimbra). Faz parte da equipa editorial da revista Medievalista (IEM-NOVA) e do Conselho Assessor da revista Cuadernos de Arquitectura y Fortificacíon (Ediciones La Ergástula). Preside à Assembleia Geral da Associação Ibérica de História Militar.