SESSÃO 5 | 3 DE MARÇO | 9:30-10:45

Moderação de Jacinta Bugalhão (UNIARQ)


Em busca da Mesquita Aljama de Silves. Possibilidades e limitações dos dados arqueológicos 

9:30-10:00 |  Maria José Gonçalves (CMS) e Carlos Oliveira (CMS)

Apesar de a antiga catedral de Silves não evidenciar quaisquer características ou elementos arquitectónicos que nos remetam para o edifício de culto muçulmano, foi-se, ao longo dos tempos, defendendo a sobreposição dos dois imóveis. Não obstante a extensa área já escavada, intramuralhas, não se lograra ainda encontrar indícios do edifício religioso muçulmano, embora alguns investigadores tivessem alvitrado hipóteses quanto à sua localização em espaços nem sempre coincidentes com a Sé cristã. A sistematização dos dados documentais e a sua articulação com outros, resultantes de trabalhos arqueológicos, permite-nos, agora, apresentar algumas hipóteses de trabalho. Estas objectivam dar resposta às questões que sempre foram suscitadas, nomeadamente sobre a eventual sobreposição da Sé à mesquita principal da cidade, contribuindo assim para a reconstituição topográfica da Xīlb islâmica.

A Mesquita do Castelo Velho de Alcoutim: transformações na trama urbana, construção e dinâmicas de utilização

10:00-10:30 |  Helena Catarino (CEAACP)

As escavações no Castelo Velho de Alcoutim permitiram reconhecer várias fases de ocupação, estimadas entre a transição visigótica/paleoislâmica e a época almorávida. Para além de um pequeno alcácer no topo superior, a plataforma amuralhada inferior – interpretada como alcáçova – teve diferentes etapas de remodelações habitacionais, uma das quais para a construção de um edifício de oração, correspondente a uma pequena mesquita de época califal/taifas. A Mesquita do Castelo Velho de Alcoutim, descoberta nas campanhas de escavações de 1989 e 1999, situa-se à esquerda de quem entra no primeiro recinto fortificado e corresponde a um pequeno espaço religioso de planta rectangular, com acesso a partir de um átrio, ou pórtico, aberto na parede da qibla, e exibe o mihrab, ou nicho da oração, de planta sub-retangular no exterior, situado a meio da mesma parede de orientação para Meca. A sua edificação obrigou a profunda alteração da anterior trama urbana neste sector do castelo, tendo-se arrasando algumas casas e alterado outros espaços, para que a mesquita ficasse centrada numa área ampla e aberta, entre as portas da alcáçova e do alcácer, perto da rua/adarve da muralha leste e abrindo-se uma ruela estreita e em cotovelo, do lado norte, para que a orientação da qibla, a sul-sudeste (cerca de 180 grados), ficasse livre de outras construções habitacionais. As questões abordadas nesta comunicação são, pois, as características deste espaço religioso islâmico, as transformações urbanas que antecederam a sua construção, as fases de utilização e as problemáticas referentes à sua fundação e abandono, que coincidem, respectivamente, entre meados/finais do século X e, sobretudo, durante os séculos XI e XII.


NOTAS BIOGRÁFICAS

Maria José Gonçalves. Licenciada em História, variante de Arqueologia, pela Universidade de Coimbra (1988), pós-graduada em História Regional e Local pela Universidade de Lisboa (2005) e mestre em Arqueologia pela Universidade do Algarve (2008), tendo produzido tese sobre o tema “Silves Islâmica, a Muralha do Arrabalde Oriental e a Dinâmica de Ocupação do Espaço Adjacente”. Integra os quadros da Câmara Municipal de Silves desde 1988, onde assumiu diversos cargos de chefia e coordenação e desenvolve trabalho de investigação, gestão, divulgação e conservação do património arquitectónico e arqueológico local, sendo actualmente coordenadora das áreas de Arqueologia, Património Cultural, Conservação e Restauro e Museus e directora do Museu Municipal de Arqueologia. Integra o Grupo CIGA, grupo de investigação que, desde 2008, se dedica ao estudo da cerâmica islâmica do Gharb al-Andalus e é assistente convidada na Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da Universidade do Algarve, onde lecciona/ou as unidades curriculares de Arqueologia Medieval, Arqueologia Islâmica e Arqueologia Urbana, na Licenciatura em Património Cultural e Arqueologia, e de Povoamento e Cultura Material no Gharb al-Andalus, no Mestrado de História e Patrimónios da Universidade do Algarve.

Carlos OliveiraLicenciado e mestre pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, trabalha profissionalmente em arqueologia desde 2001. No início da carreira, colaborou como investigador contratado em diversos projectos de investigação, no âmbito do estudo das sociedades da proto-história e de época romana. Enquanto arqueólogo freelancer, participou em múltiplos trabalhos arqueológicos, tendo assumido responsabilidades de coordenação em várias escavações e acompanhamentos arqueológicos, assim como em alguns trabalhos de prospecção no âmbito de estudos de impacte ambiental. Actualmente, e desde 2018, que integra a equipa do serviço municipal de arqueologia de Silves.

Helena Catarino. Professora aposentada da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (DHEEAA-FLUC) e investigadora integrada no Centro de Estudos Arqueológicos, Artes e Ciências do Património (CEAACP-FCT). Doutorada em Arqueologia, em 1997, pela mesma universidade, com a tese intitulada: “O Algarve Oriental durante a Ocupação Islâmica: Povoamento Rural e Recintos Fortificados”, publicada, em três volumes, na revista Al’Ulyã, n.º 6, editada pelo Arquivo Histórico Municipal de Loulé. Em mais de 40 anos de investigação e docência, desenvolveu projectos de arqueologia medieval e islâmica, destacando-se os estudos em Alcoutim e na Serra Algarvia, bem como as fortificações de taipa: no Castelo de Salir (Loulé) e no Castelo de Paderne (Albufeira). Dirigiu outras escavações, nomeadamente no Campo Militar de S. Jorge de Aljubarrota e no Pátio da Universidade de Coimbra. Tem mais de cem títulos publicados, individuais e em colaboração, e, nos últimos anos, sobre cerâmicas islâmicas, no âmbito do Grupo CIGA, de que é membro desde a sua fundação. Este grupo está integrado numa linha de investigação no Centro de Estudos em Arqueologia, Artes e Ciências do Património (CEAACP), funcionando como Secção do Campo Arqueológico de Mértola (CAM).

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