SESSÃO 6 | 3 DE MARÇO | 11:00-12:15

Moderação de Maria João Branco (IEM)

Indícios de reversibilidade em Évora? Alguns problemas em torno da Sé

11:00-11:30 | Hermínia Vilar (UÉ - CIDEHUS) 

Dada a conquista precoce da cidade no quadro dos centros urbanos de além-Tejo, menos de duas décadas após Lisboa e Santarém, Évora constitui um caso relevante para interrogar o fenómeno da reversibilidade dos espaços sagrados. Nessa equação deve entrar o processo de criação da diocese e a presença consequente de um bispo, mas também a fundação de uma ordem de cavaleiros que ocupa a antiga área áulica. A proximidade à antiga área sacra do forum assim como a construção da Sé, constituem uma base para interrogar as escassas fontes escritas do período mas também os dados recentes da arqueologia.

Localizar a Mesquita Aljama de Lisboa

12:00-12:30 |Hermenegildo Fernandes (CH-ULisboa); Jacinta Bugalhão (UNIARQ) e Manuel Fialho Silva (GEO-CML) 

As recentes descobertas arqueológicas no Claustro da Sé de Lisboa relançaram o debate sobre um tema central para o estudo e conhecimento de Ushbuna. Onde se localizava a mesquita aljama da cidade islâmica, em meados do século XII, quando foi tomada pelos cristãos? Os autores pronunciam-se a favor da hipótese da reversibilidade do espaço sagrado, de mesquita para sé-catedral. Esta proposta fundamenta-se na análise e caracterização do território em que a cidade se implanta, da evolução da estrutura urbana numa diacronia longa, das soluções urbanísticas e arquitectónicas para modelação da topografia e da avaliação do investimento que a comunidade urbana foi colocando no lugar central, onde hoje se encontra a sé-catedral de Lisboa e seu claustro. Numa segunda parte, examinam-se paralelos considerados não apenas enquanto analogia, mas como fonte de plausibilidade que o método comparativo consente. O inventário, necessariamente limitado e centrado no al-Andalus, permite reconstituir um contexto geral de reversibilidade dos espaços sagrados em cidades ibéricas, entre os séculos XI-XIII. Do cruzamento das duas anteriores dimensões, caracterização da estrutura urbana da Lisboa islâmica, dos seus espaços, funções e dinâmicas de funcionamento, e paralelos de outros territórios em que se registaram reversões de utilização dos espaços sagrados, resulta uma análise plausível das possibilidades de localização da mesquita aljama de al-Ushbuna no período final da sua História. Essas hipóteses serão desejavelmente desenvolvidas através de algumas linhas de investigação que, para terminar, se apresentam.

NOTAS BIOGRÁFICAS

Hermínia Vilar. Hermínia Maria Vasconcelos Alves Vilar. Concluiu o título de agregada em História Medieval em 2007/04/17 pela Universidade de Évora, Doutoramento em História em 1998 pela Universidade de Évora, mestrado em História Medieval em 1990 pela Universidade Nova de Lisboa - Faculdade de Ciências Sociais e Humanas e licenciatura em História, em 1984, pela Universidade de Lisboa - Faculdade de Letras. É professora associada na Universidade de Évora, membro do Conselho Geral na Universidade de Évora e directora do CIDEHUS na Universidade de Évora. Publicou 31 artigos em revistas especializadas. Possui 42 capítulos de livros e 10 livros. Organizou 2 eventos. Participou em 12 eventos. Orientou 6 teses de doutoramento e co-orientou 3. Orientou 8 dissertações de mestrado e co-orientou 2. Participa e/ou participou como investigadora em 11 projectos e Investigador responsável em 3 projectos. Actua nas áreas de humanidades com ênfase em história e arqueologia com ênfase em História. Nas suas actividades profissionais, interagiu com 46 colaboradores em co-autorias de trabalhos científicos. No seu currículo Ciência Vitae, os termos mais frequentes na contextualização da produção científica, tecnológica e artístico-cultural são: Poder régio; História religiosa; Diocese; Legislação; Portugal; Idade Média; História Medieval; História; Poder real.

Hermenegildo Fernandes.  Professor Catedrático na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, onde ensina e investiga em História Medieval desde 1987. Tem-se dedicado sobretudo às Sociedades de Fronteira hispânicas, através das quais tem observado a interacção entre o al-Andalus e os reinos cristãos, assim como, mais recentemente, à História das Universidades, centrando-se as suas publicações nestas áreas. Destaca entre elas a biografia de Sancho II. Orientou ou orienta cerca de uma dezena de teses de doutoramento e uma vintena de mestrado. Foi Subdirector da FLUL, Director do Centro de História da ULisboa e é hoje Director da Área de História da FLUL.

Manuel Fialho Silva. Investigador no Gabinete de Estudos Olisiponenses da Câmara Municipal de Lisboa. É membro integrado do Centro de História da Universidade de Lisboa, onde é membro do Grupo de Investigação "Culturas e Sociedades de Encontro". Licenciado em Línguas e Literaturas Clássicas, obteve o grau de Mestre em Estudos Clássicos na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa em 2009. Defendeu, em 2017, a sua tese de doutoramento em História Medieval, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, intitulada "A Mutação Urbana na Lisboa Medieval: das Taifas a D. Dinis". Dedica-se actualmente a diversos temas como a história dos judeus de Portugal e a arqueologia medieval.